O processo movido pelo Tribunal Militar da Auditoria da 5ª RM é uma peça que retrata muito bem o ódio que movia os golpistas que assaltaram o poder em 1º de abril de 1964. Lideranças do velho Partido Trabalhista Brasileiro dos municípios da região Sudoeste do Paraná, desde Barracão, Santo Antônio do Sudoeste, Capanema e Francisco Beltrão foram perseguidos e levados a julgamento, devido suas ideias nacionalistas e reformistas. Cidadãos como Percy Schereide, Antônio Rossin, Aniceto Grigolin e Alcides Tronco foram viradas pelo avesso.
No documento em anexo – IPM do Grupo dos Onze, é possível o triste papel desempenhado pelos militares, que atuaram como “capitães de mato” das oligarquias temerosas de perderem seus privilégios. É um documento de grande importância histórica na medida que mostra a luta desses homens, comerciantes e agricultores do interior do Brasil, firmes em seu ideal, ao mesmo tempo que revela a covardia e outras fraquezas humanas.
O movimento denominado grupo dos onze, “grupo de onze companheiros”, surgiu a partir de outubro de 1963, sob o comando de Leonel de Moura Brizola,objetivando incrementar as reformas prementes que o país tanto necessitava, bem como o rompimento contra o imperialismo americano e o especulativo capital estrangeiro. No início do ano seguinte, Brizola lança o periódico “Panfleto”, o único a ser editado, que dava as coordenadas sobre a organização dos grupos, precauções, deveres dos membros e dos dirigentes. Com a organização dos grupos dos onze, os quais Brizola fazia uma alusão a onze atletas de um time de futebol, em que os membros de cada relação de onze seriam, segundo ele, os soldados que integrariam as fileiras do Exercito Popular de Libertação (EPL) ramificados nos principais estados da união. Foram formados 5.304 grupos que resultariam num exercito de 58.344 pessoas. Sendo um nacionalista extremado, Brizola antevia a performance da oposição e lutou com todas as suas forças para evitar o golpe militar que acabaria por acontecer em 31 de março de 1964.