No documento em anexo, o Ministério das Relações Exteriores do Chile, por meio da Dirección de Relaciones Internacionales, Departamento Europa, solicitou em 17 de janeiro de 1974, que a Embaixada do Chile, em Brasília, levantasse informações sobre a então militante da VPR, Sônia Lafoz.
O telegrama cifrado enviado quatro meses após o golpe militar que derrubou o governo da Undade Popular, é assinado por Fernando Zegens, diretor da Direção de Relações Internacionais .
“A moça dos milhões de dólares
Sônia Lafoz, 61, parece ter dez anos a menos. Conserva o corpo ágil por meio da ginástica que faz todos os dias em Curitiba, onde mora com o marido e uma das filhas. No sofá de sua casa, levanta a calça com agilidade e diz: “Aqui ainda tenho essa marca de tiro. Levei três, os outros na virilha e na cabeça”. Fala isso com a naturalidade de quem morou quatro anos na clandestinidade, andando com uma pistola calibre 44.
Com essa arma Sônia fez segurança para Carlos Lamarca, quando ele operou para mudar de cara. “Entrei como irmã dele. Foi engraçado, porque a gente ensinou ele a fingir que era gay.” Mas nem tudo tinha graça. Em 1970, deu cobertura para o seqüestro do embaixador alemão Ehrenfried Anton. Houve troca de tiros. Três atingiram Sônia e um militar morreu. Ela não sabe se o matou. “Não fico paranóica, evito pensar.”
“Aqui ainda tenho essa marca de tiro. Levei três, os outros na virilha e na cabeça.”
Sonia Lafoz, 61 anos
Sônia era estudante de psicologia na USP quando começou a participar do movimento estudantil e foi parar na luta armada. “Achava que a gente tinha que partir para a ação e que poderíamos fazer uma revolução como a cubana.” O sonho custou caro. Seu primeiro “companheiro” morreu em uma ação em São Paulo. E ela nem teve tempo de ficar triste, porque logo foi para o Rio se esconder. Medo? Não tinha. “Na hora dá uma adrenalina e você faz.” As lembranças engraçadas existem. “Quando roubamos o cofre do Adhemar de Barros, o fundo do carro, uma Variant, afundou por causa do peso. Eram US$ 2 milhões e meio!”
Geração umbigo
Sônia nunca “caiu”. Por isso, escapou da tortura. Acha que foi sorte. E só fugiu quando estava grávida de oito meses. Foi para o Chile, onde nasceu sua filha. Hoje, é uma aposentada orgulhosa das crias Silvia, de 35, e Maya, de 25 anos. Depois de ouvir tantas aventuras, a reportagem da Tpm pergunta se ela não acha que as mulheres da nossa geração sofrem à toa. Ela concorda: “Vocês são de uma geração sem ideologia. Então, fica tudo voltado para o próprio umbigo. Mas nós não éramos melhores que vocês não, viu?”.
Matéria publicada no site UOL
MINA LEMOS
Solicito contato com Sônia Lafoz. Sou José Carlos Asbeg, cineasta e trabalho em filme documentário de longa metragem sobre a luta armada no período da ditadura civil-militar. A história da Sônia Lafoz é especial pelo fato de jamais ter sido presa, o que o filme gostaria de analisar com a própria personagem. Agradeço desde já qualquer ajuda que me coloque em contato com Sônia. Meu imeio: josecarlos@palmaresproducoes.com.br. Meu telefone (21) 981 89 91 33.
José Carlos, vou entrar em contato com vc por email
abraço
Aluízio Palmar
Bom dia José Carlos
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