A queda de Ibiúna
São Paulo, 12 de outubro de 1968
Cerca de mil estudantes haviam comparecido ao 30º Congresso da UNE. O encontro acontecia num sítio, na cidade de Ibiúna, localizada a 70 Km de São Paulo.
Com poucos alojamentos, sem muita estrutura, muitos estudantes dormiam no chão de barro, em barracas improvisadas, em meio à lama, por causa do tempo chuvoso.
Porém, a polícia ficou sabendo da localização do Congresso, planejando a invasão ao sítio bem cedo pela manhã, antes que houvesse a realização da eleição. Inúmeros soldados da PM e do DOPS chegaram atirando com balas de festim.
Muitos universitários ainda dormiam nas barracas, outros tomavam café, todos foram pegos de surpresa. Não houve resistência.
Rapazes e moças saíram enrolados em cobertores, sujos de lama, andando pelas ruas até a Cooperativa Agrícola de Cotia, onde aguardavam ônibus, caminhões e kombis, que os levariam até a cidade de São Paulo.
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Este congresso da UNE foi uma armadilha provocada pelo Zé Dirceu e o PC do B para resultar em prisão em massa dos universitários e consequentemente levá-los à radicalização via luta armada, que era preconizada como tática de luta do partido na época. Era puro esquerdismo e enorme inconsequência, e absoluta falta de uma análise concreta da realidade. Pura irresponsabilidade da direção da UNE.
Todas e uma só. O que uma delas sofreu ali mesmo e nos anos que se seguiram transtornou o destino de todas e se multiplicou nas múltiplas tragédias familiares. Todas as mães e todo o pai, todos os irmãos e toda irmã perdem um pedaço de cada uma e de todas elas, talvez toda ela, porque ninguém é mais o mesmo. Mesmo as mais fortes, mesmo a que teve mais sorte, mesmo a que consegue engolir o que viu, e as que fingem que não sentiram o que viram nelas mesmas. Hoje é momento de acordar pra quem ainda está aqui e despertar os que não acreditam na dor que um pode provocar em muitos.