Em 17 de março de 1965, um pouco antes de completar um ano o golpe civil-militar que derrubou o governo do presidente João Goulart, um grupo contituido por camponeses, militares e profissionais liberais, de origem trabalhista/brizolista foram protagonistas da primeira ação armada contra a ditadura. O movimento ficou conhecido como a “Guerrilha dos Dentes de Ouro”, pois a maioria dos insurgentes eram camponeses que se orgulhavam de seus implantes dentários de ouro. No fac-simile ao lado um recorte do jornal Correio do Paraná, de Curitiba, datado de 17 de março de 1965.
Realmente a Operação Três Passos é a primeira ação brasileira de guerrilha rural contra o Governo Militar instalado em 31 de março de 1964. Na noite de 26 de março de 1965, um grupo liderado pelo ex-coronel do Exército, Jefferson Cardin Osório, pelo ex-sargento da Brigada Militar, Albery Vieira dos Santos, e pelo professor da rede municipal de ensino de Campo Novo, Valdetar Dornelles, rendeu Três Passos de assalto. Eles tomaram o presídio e o destacamento da Brigada Militar, de onde levaram armas, munição e fardas. Além de deixar a cidade sem comunicação telefônica, uma vez que cortaram os fios da rede, invadiram a Rádio Difusora e obrigaram, sob a mira de uma metralhadora, os proprietários Benno Adelar e Zilá Breitenbach a colocar a emissora no ar para ler um manifesto contra a ditadura militar.
Depois, os guerrilheiros partiram para Tenente Portela. Na cidade, também tomaram o destacamento da Polícia Militar. O mesmo ocorreu em Barra do Guarita e em Itapiranga (SC). A prisão do grupo deu-se na cidade paranaense de Leônidas Marques, no dia 28 de março.
Os guerrilheiros foram presos após caírem numa emboscada em Capitão Leônidas Marques PR e foram levados para o então 1º Batalhão de Fronteiras, em Foz do Iguaçu e ali passaram por torturas. Todos foram condenados e cumpriram pena em Curitiba.
Cardin faleceu no Rio de Janeiro, no dia 29 de janeiro de 1995. Albery foi misteriosamente assassinado no oeste paranaense em fevereiro de 1977.
Albery após sua prisão passou a ser informante do CIE (Centro de Informações do Exército). Em 1973 se infiltrou na Vanguarda Popular Revolucionária(VPR) e sob o comando do coronel Paulo Malhães, atraiu um grupo de militantes que estavam exilados em Buenos Aires, para uma armadilha no Parque Nacional do Iguaçu. Cinco foram assassinados à sangue frio. O sexto, Onofre Pinto, foi assassinado na Casa da Morte de Foz do Iguaçu.
ELES FORAM ATRAÍDOS pelo ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Alberi Vieira dos Santos, para uma emboscada armada dentro do Parque Nacional do Iguaçu. A Rural Willys dirigida por Otávio Camargo, militar do Centro de Informações do Exército, apresentando ao grupo como membro da base de apoio, trafegou seis quilômetros pela Estrada do Colono levando Joel José de Carvalho, Daniel de Carvalho, José Lavéchia, Victor Carlos Ramos e Ernesto Ruggia em direção à morte. De repente, no meio da floresta exuberante, os cinco militantes da esquerda revolucionária caíram fuzilados pelo grupo de extermino. Os cães de guerra comandados pelos chefões do Centro de Inteligência do Exército executavam a fase final da Operação Juriti, que consistia em atrair exilados políticos para áreas fictícias de guerrilha e matá-los.
(Do livro Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?, de Aluízio Palmar, 2004)
Fotos do acervo de Valdetar Dornelles
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Sr Aluisio fico muito feliz por ter jente igual o Sr que conta historias verdadeiras …tive pouco tempo n consegui terminar meus estudos mas meus olhos presenciou fatos do grupo dos11 em cap.Leonidas Marques eu tinha apenas 8 anos quando em 1965 vivemos momentos asustadores ….os militares comprindo seus deveres prendendo os guerrilheiros foi suspenço as aulas devido o perigo eu e meu coleguinhas vimos os guerrilheiros presos na av. Iguaçu de c.l. marques era terrivel o Sgt Alberi algemado seus tornozelos amarados sempre de cabeça baicha ….lembro de tudo minha memoria é infalivel. Abraços
meu pai conta este.acontecimento,inclusive ajudou a prender esse grupo,.ele serviu em 1965 em foz do Iguaçu, ele diz q esses.revolucionaeios vinham pra.matar o general castelo branco, q estaria em.foz para.inaugurar a ponte da amizade…
Olá Marcos,
segundo vários depoimentos, inclusive o do coronel Jefferson, esse grupo não vinha para Foz do Iguaçu. Seria parte de uma sublevação nacional, que por sinal fracassou. Os revoltosos acreditavam e/ou, tinham informações que o levante de Três Passos seria o sinal para outros levantes em outras partes do País.
Olá Marcos, estou fazendo uma pesquisa sobre, estou de posse de uma documentação militar de 1965 sobre o assunto, O 1º De Fronteira de Foz do Iguaçu na época ajudou a interceptar o grupo, inclusive o Coronel Curvo que comandou as operações. Quem é seu pai? Será que seu pai poderia contribuir na pesquisa
Leomar, os depoimentos dos sobreviventes da guerrilha de Três Passos na Audiência Pública da Comissão Estadual da Verdade, realizada em Cascavel, são riquíssimos em detalhes
Aluízio onde posso encontrar esses documentos?
Daniel, você encoontra aqui no site . em formato PDF e em estado físico na Universidade Estadual do Oeste, Unioeste – Campus de Marechal Rondon – PR
Prezado Daniel
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Eu comecei a editar o site Documentos Revelados em 2009, com o objetivo de popularizar o acesso aos documentos da ditadura e os documentos emitidos pelos movimentos de Resistência ao arbítrio.
Para compor o acervo eu viajei pesquisando nos arquivos estaduais, arquivos da Polícia Federal e no Arquivo Nacional.
Considero essa missão como uma tarefa, e sinto-me gratificado por ela.
Porém, desde o ano passado tenho tido dificuldade para cobrir os custos de hospedagem e e da manutenção que é feita pelo webmaster Bruno França.
Esses custos e mais o dos envios das newletters, eu tenho feito com os meus recursos de aposentado como servidor administrativo médio.
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Olá Aluizio, obrigado pela informações,
Forte abraço
Meu pai também servia em Foz do Iguaçu nesta época e esteve no episódio de Cap. Leonidas Marques era sargento
Sr Aluízio Palmar,
Minha gratidão pela dedicação na pesquisa
e em tornar público os abusos do Estado,
sobre tantas vidas,
cujo erro foi, amar o Brasil.
Ieda Maria