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Foz do Iguaçu, 1974; .Jornal fechado e jornalista preso por defender agricultores

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Essa é uma das muitas histórias estranhas acontecidas no período da ditadura. Em 1974, um jornalista se estabeleceu em Foz do Iguaçu, atraído pelo boom causado pela construção da hidrelétrica de Itaipu.e decidiu criar um jornal, tamanho standard, dando a ele o nome de Binacional  em homenagem à obra gigantesca.

Nem de longe passou pela cabeça do jovem  Waldomiro de Deus Pereira, que o jornal criado por ele não iria sobreviver à primeira edição, que todos os exemplares seriam apreendidos pela Polícia Federal e ele seria preso, torturado e expulso da cidade.

Tudo isso porque a edição do Jornal Binacional, que circulou em 18 de setembro de 1974, dedicou seis páginas à situação dos agricultores que tiveram suas terras desapropriadas na localidade de Santo Alberto,  que ficava localizada no entorno do Parque Nacional do Iguaçu.

Com a ampliação das dimensões do Parque, esses agricultores tiveram que sair de suas terras.

A reportagem do Jornal Binacional  foi feita no período em que os agricultores estavam proibidos de plantar e criar animas em suas propriedades.

Em entrevista concedida à pesquisadora Lara Seixas, o advogado dos agricultores, doutor Antonio Vanderli Moreira , declarou que

[…] o administrador do parque nacional na época, resolveu retirar os colonos lá daquela área, e fez bem à moda deles, à moda militar, que naquela época, tudo era à moda militar, quero dizer a justiça, ela funcionava enquanto não contrariasse os interesses dos governantes, e foi assim, então eles quiseram tirar os colonos de lá, o que eles fizeram? Começaram a perseguir os colonos, perseguir de que modo? Perseguir exatamente na parte mais fraca para o colono que é a produção, o colono sem planta, ele não sobrevive […], proibiram os colonos de plantar, primeiro proibiram um tipo de plantação e na sequência, proibiram qualquer plantio […]

As seis páginas do Binacional dedicadas ao caso dos despejados do entorno do Parque Nacional do Iguaçu mostram, por meio de depoimentos e fotografias, a situação de miséria das famílias dos agricultores e o clima de medo que dominava a região.

A matéria não agradou os militares, e Waldomiro foi intimado a comparecer ao Batalhão. Lá, ele foi severamente interrogado. Queriam saber se o movimento de resistência dos colonos era orientado por organizações subversivas.

Depois de ficharem o jornalista, mandaram que ele juntasse seus pertences e fosse embora da cidade. Os órgãos de informações continuaram controlando os passos do jornalista e a última anotação sobre ele no arquivo da PF data de 24 de fevereiro de 1975 e diz que Waldomiro estava trabalhando naquela ocasião na Tribuna de Cianorte.

 

 

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2 comentários

  1. Airton Fóss diz:

    Eu quero professor

    1. Diga Airton. Estou às ordens

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