Três matérias publicadas em 1980, no jornal Correio de Notícias, de Curitiba, causaram um baita alvoroço nos órgãos de informação e na repressão do governo militar. O CN era editado pelo jornalista Fábio Campana.
Era época de distensão política, a Anistia tinha sido promulgada e a transição negociada da ditadura para a democracia estava adiantada, apesar de ainda vigorar as leis de Segurança Nacional e de Imprensa; ambas cerceadoras da liberdade de informação.
Nós, jornalistas insubmissos, rompíamos a censura publicando o que era considerado sigiloso.
A primeira matéria foi sobre a rebelião camponesa ocorrida em Caaguazú, Paraguai. O assunto, era considerado altamente secreto pela ditadura do general Alfredo Stroessner e pela ditadura militar brasileira. As duas ditaduras tremiam quando havia instabilidade social na área da Hidrelétrica e Itaipu.
Pois bem, assim que fiquei sabendo pelas minhas fontes ligadas à resistência à ditadura paraguaia, que os camponeses estavam sendo massacrados, fui até a agência dos Correios de Foz do Iguaçu e escrevi a matéria no aparelho de telex. Foi a primeira vez que usei o tal aparelho e enquanto escrevia, a fita perfurada do telex enrolava entre minhas pernas.
Matéria enviada, matéria publicada no Correio de Notícias e também no Le Monde. Conseguimos romper a barreira da censura e o mundo tomou conhecimento do que estava acontecendo no Paraguai.
A outra matéria foi sobre o contrabando de café que corria solto na fronteira Brasil Paraguai e que foi publicada pelo jornal curitibano em 12 de abril de 1980.
A reportagem sobre o contrabando de café que acontecia debaixo das barbas das autoridades, rendeu a transferência do delegado chefe da Polícia Federal de Foz do Iguaçu.