Ninguém foi mais perseguida pelos censores da ditadura militar brasileira do que Cassandra Rios, escritora recordista em vetos durante o regime, com 36 dos seus 50 livros publicados censurados durante a vida – fora algumas edições clandestinas.
Segundo o professor Rodolfo Londero, “Cassandra Rios incomodou os militares por várias razões. A principal delas é o conteúdo erótico de seus livros. A ditadura considerava perigosa qualquer orientação sexual que escapasse da heteronormatividade.”
Como resultado das perseguições, Cassandra Rios, nome adotado pela escritora Odete Rios, foi à falência em 1976, ano em que 14 obras da escritora foram censuradas em apenas seis meses. “Ela perdeu quase tudo e teve de fechar a livraria. Lembro que ficou arrasada nessa época, sem chão”, conta a sobrinha, Liz Rios.
Documentos Revelados publica em anexo vasta documentação censória preservada no Arquivo Nacional de Brasília. São dezenas de ofícios do governo dos militares comunicando a incineração do material apreendido e relatórios dos censores.