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EM 1981, DURANTE ENTREVISTA À IMPRENSA, GENERAL COSTA CAVALCANTI NÃO GOSTOU DE PERGUNTA E ENCERROU A COLETIVA

MEMÓRIAS DE UM REPÓRTER DAQUELE TEMPO
Em 15 de outubro de 1981, o general Costa Cavalcanti convidou a imprensa da região para uma coletiva. Foi a primeira desde que ele se instalou aqui para comandar a construção da Hidrelétrica de Itaipu.
Às 8h da manhã, nós fomos recebidos no Centro Executivo e ficamos até às dez horas assistindo a projeção de slides e audiovisuais, acompanhados por explicações do empedernido diretor brasileiro da Itaipu Binacional.
Após duas horas de sessão enche linguiça chega o momento da tão esperada entrevista. Homem de caserna, acostumado a dar ordens e ainda mais numa época em que os militares eram os todo-poderosos, o general começou ditando regras. Uma pergunta para cada um e fim de papo.
Emir Sfair, diretor do jornal O Paraná, de Cascavel, arriscou fazer duas perguntas e foi cortado rispidamente: “Chega! . É uma pergunta para cada um”. Quando o Hélio Winter, da Rádio Difusora, de Rondon, ensaiou fazer uma pergunta, o general o deixou falando sozinho e pediu para que o representante do Jornal do Brasil falasse. “Quero ouvir um jornal de grande porte, depois você fala”. Hélio Teixeira, que naquela época era o correspondente da revista Veja no Paraná, quis saber o que pensava a Itaipu sobre certo assunto e foi cortado abruptamente por Costa Cavalcanti: “Itaipu não pensa meu filho, quem pensa são os governos do Brasil e do Paraguai”.
O momento mais tenso da entrevista foi quando o general de forma ríspida impediu que o repórter Miguel Tanamati, da TV Paranaense, terminasse de formular sua pergunta. Ele queria saber se possíveis mudanças nas políticas internas no Brasil ou Paraguai poderiam exercer influência no Tratado de Itaipu.
O homem forte da ditadura deu uma batidinha de calcanhares à moda militar e de dedo em riste, disse para o repórter: “Você está sendo inconveniente”.
Dito isso largou o microfone em cima da mesa, pegou seu bastão de comando e retirou-se do auditório acompanhado por seus assessores.

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