Desde o golpe de 1964, livros e editores foram perseguidos pelo poder ditatorial. Apenas dois dias depois do golpe, o governo fechou o Editorial Vitória, do Partido Comunista Brasileiro (PCB), por considerá-lo “o maior centro de difusão de obras marxistas no Brasil”. Esta e outras ações repressivas começaram a instaurar no país uma cultura do medo, dentro da qual a censura era um elemento chave.
A ditadura também organizou verdadeiros index, ou listas de livros e autores proibidos. Em 1965, uma portaria do Ministério da Justiça indicava uma lista com 33 “livros de natureza subversiva”. Entre aqueles que deveriam ser apreendidos destacavam-se os volumes da coleção Cadernos do Povo Brasileiro, da Editora Civilização Brasileira, obras de Karl Marx e de Friedrich Engels, de autores russos, de intelectuais brasileiros de esquerda, além de uma obra da escritora Adelaide Carraro (Falência das elites).
Comentários publicados na postagem que eu fiz no Facebook
Fernanda Gomes de Matos “Burle Marx foi o livro comunista encontrado em gosos múltiplos por eles.
Meu livro de paisagismo pois fazia arquitetura.
Eles levaram de meu apartamento.”
Rui Frati “De casa levaram até os dicionários e, principalmente, o “petit Larousse illustré” duplamente culpado: encadernado em vermelho e “em estrangeiro isso quer dizer o russo!”
Flavio Dario Pettinichi “Eu lembro bem numa livraria do Centro de Buenos Aires eu ter ido a comprar um livro de teatro, de um escritor perseguido e na hora apareceram mais de 5 ou 6 repressores a paisana ,na hora que eu confundia um outro rapaz e o cumprimentava,, eu tinha apenas 17 anos, nos encheram de porrada e nos levaram em cana, eles queriam saber o que estávamos fazendo na livraria, Livraria Ateneo, lembro ate hoje , final do assunto, eu sai livre, porque o delegado era conhecido de um conhecido e ligou por telefone, já do outro rapaz eu nunca soube nada, até porque eu não conhecia ele e a policia não deixou eu pegar o número de telefone dele , talvez tenha sido mais um desaparecido dos 30 mil que houve , tempos escuros!”
Rose Nogueira “Levaram todos os meus livros. E essa “apreensão” foi usada como “prova de subversão” pelo promotor no dia do meu julgamento.”
Fernanda Gomes de Matos Na invasão do prédio o de meus pais moravam no golpe de 64.
Não no nosso apartamento mais no de Adalgisa Cavalcanti primeira deputada do partido comunista e Barros Barreto também.
Eles jogavam os livros pelas varandas.
Minh a mãe na loucura.
Pegou todos os livros de meu pai que ela achou que eram comunistas e colocou no tanque de roupa jogou álcool e queimou.
Foi uma perda para meu pai grande.
Ainda salva uns.”
Dirce Beltrão No apartamento em que residiam, meu irmão e eu, no Recife, em 1964, depois de denunciados pelo Sargento Do Exército, cujo nome era Paulo Afonso e que morava no apartamento de baixo, levaram muitos livros também, inclusive os de Jorge Amado…sim levaram também frascos de perfume e réplicas artesanais de trabucos…tempo cruel, muito cruel!..
Laurenice Noleto Eu também cheguei na casa do meu namorado Wilmar Alves, num dia de inicio de agosto de 1972, e a PF estava lá, fotografando um monte de livros de Jorge Amado, Josué de Castro e outros, alem de exemplares de um jornalzinho mimiografado, como “prova do crime”. Wilmar já estava preso e incomunicável no quartel do Exército em Goiânia há quase um mês.
Geni Duarte Quando o Crusp foi invadido em dezembro de 1968 todo mundo disfarçadamente ia olhar e rir: um dos livros apreendidos era Bombas Hidráulicas…
Vitorio Sorotiuk Quando vieram dar uma batida no meu quarto em 1966 na pensão que eu morava a Rua RiAchuelo em Curitiba, disse o agente da DOPS: Va passando os livros subversivos! Você os conhece melhor que nos! Passei todos livros que havia emprestado da Bibliioteca Pública do Paraná, entre eles O Espírito das Leis de Montesquieu. Os livros ficaram presos de 1966 até 1980 e pouco na DOPS