Mexendo e remexendo na papelada que guardo em caixas e pastas – a maioria dos documentos eu doei para o Centro de Pesquisas da América Latina – Cepedal da Unioeste, Campus de Marechal Rondon – eu me deparei com dezenas de cartas que escrevi na prisão.
Quase todas essas cartas eu enviei para Eunice, que as guardou. É apenas correspondência pessoal, nada que tenha relevância política.
Algumas, eu consegui mandar pra fora por intermédio da Irmã Tereza Araújo, religiosa da Congregação das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. Pois bem, a Irmão Araújo nos visitava toda a semana e foi por meio dela e de sua congregação que essas cartas chegaram à Foz do Iguaçu, onde Eunice morava.
Eu fui preso em 04 de abril de 1969 e após passar por torturas em Cascavel, Foz do Iguaçu, no Quartel da Polícia do Exército e no DOPS, em Curitiba, fui levado para o Presídio do Ahú. No início fiquei numa solitária, um cubículo medindo 3×2, de onde saí, graças as manifestações de solidariedade dos estudantes que foram presos na reunião da UNE, realizada num sítio localizado na zona rural de Curitiba.
Foi na cela dos estudantes que escrevi as cartas. Apesar delas saírem clandestinamente do Presídio a linguagem, muitas vezes é cifrada e por cautela eu evitei citar nomes. Minha passagem pelo cárcere curitibano foi registrada pelo jornalista gaúcho Políbio Braga em seu livro Ahú – Diários de uma Prisão Política
Em outra oportunidade, vou publicar aqui as cartas que escrevi nos presídios da ilha das Cobras e da Ilha Grande.
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