Em fevereiro de 1967, nós da Dissidência Comunista do Estado do Rio de Janeiro, realizamos um baile de carnaval com o intuito de angariar finanças para montar uma gráfica e nela rodar nossos panfletos e um jornal.
A União Fluminense de Estudantes, nos deu cobertura e fizemos o baile no Sindicato dos Operários Navais, de Niterói.
Salão lotado, sucesso total. Tudo transcorria normal até que, de repente, soldados da PM e agentes do DOPS baixaram no Sindicato e prenderam os carnavalescos.
A causa da invasão foi a cantoria da paródia da marchinha Máscara Negra, de Zé Kéti, sucesso daquele carnaval.
Acompanhando a banda, a estudantada cantou a plenos pulmões:
“Quantos tiras!
Oh! Quantos gorilas!
Mais de mil milicos em ação.
Estudantes apanhando
pelas ruas da cidade,
gritando por liberdade.”
No meio de toda a confusão de camburões e estudantes presos, o Nielse Fernandes, da direção da DI/RJ que estava na portaria passou a arrecadação para que o Milton Gaia Leite me entregasse. Eu o esperava de terno e gravata debaixo da marquise do Cine Central. Naquele época só se entrava no Central de terno e gravata. Peguei a sacola com a grana e dei no pé. Fui parar no dia seguinte na cidade de Campos, onde a base local do PCB já havia conseguido uma impressora para vender por um bom preço.
Em anexo, documentos dos órgãos de repressão sobre algumas lideranças do Movimento Estudantil de Niterói e recortes de jornais noticiando as manifestações, passeatas, comícios relâmpagos e confrontos entre ocorridos no ano de 1968 em Niterói, entre estudantes e policiais