Um dos segredos mais bem guardados da ditadura começa a ser desvendado. Entremeado num dossiê de 812 páginas, um informe do serviço secreto do Itamaraty, levanta a suspeita sobre Gilberto Faria Lima, que pode ter fornecido as informações sob tortura ou trocado de lado ao ser preso.
Conrado recebia salário mensal dos órgãos de informação da ditadua para espionar. Antes de viajar para o Brasil, entre setembro e agosto de 1972, diz que esteve pessoalmente com Faria Lima, no Chile. Ele revela que, “seguindo as instruções de Carlos” (codinome de Faria Lima), encontrou-se com vários militantes do PCB e do MRT, em São Paulo e no Rio, usando como álibi cartas escritas por Faria Lima cujos originais estão anexados no dossiê.
Na guerrilha, Faria Lima usou pelo menos oito codinomes, mas era mais conhecido entre os companheiros por Zorro ou Giba. Com 16 ações armadas de alta envergadura no prontuário preenchido pelo Dops paulista, Zorro chegou a ser condenado à pena de morte, lei que vigorou no Brasil durante o AI-5, entre 1969 e 1978. A pena capital, aplicável com fuzilamento, foi convertida em prisão perpétua e, mais tarde, numa condenação de cinco anos de reclusão, anulada pela Lei da Anistia.