Um dossiê de 814 paginas traz a tona as movimentacões de Alberto Conrado, um dos mais ativos espiões da ditadura militar brasileira e revela o modus operandi do serviço secreto do Itamaraty.
De 1967 a 1980, Alberto Conrado Avegno teve intensa atividade secreta como infiltrado da ditadura militar entre os exilados brasileiros no Uruguai. Interceptava e copiava cartas, produzia relatórios com nomes, endereços e planos, dando subsídios a 361 informes da ditadura. Fez viagens internacionais para cumprir “missões” do governo brasileiro. Foi detido duas vezes no Uruguai e no Brasil , e liberado ao revelar-se infiltrado.
Identificado nos relatórios sob diferentes codinomes “Altair”, “Johnson”, “Mário”, “Carlos Silveira” e até “Zuleica”, ao long0 de 14 anos ele se firmou como peça importante do Centro de Informações do Exterior – CIEX, – máquina de espionagem do Itamarati – , criado pelo ex-embaixador Pio Correia.
Dentre os brasileiros que foram alvo do Ciex estão lideranças políticas, militares rebelados, guerrilheiros e estudantesque se opunham à ditadura militar. Para citar alguns exemplos, foram monitorados exaustivamente o ex presidente João Goulart e o ex-governador Leonel Brizola, os deputados Miguel Arraes, Neiva Moreira e Márcio Moreira Alves. O ex-ministro e fundador da UnB, Darcy Ribeiro. Também o ex-almirante Candido Aragão e o ex-coronel Jefferson Cardim.