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MEMÓRIAS DA DOR. EM 1974, O ESCRITOR PAULO COELHO FOI PRESO POR ENGANO E SUBMETIDO A TORTURAS

 

No dia 28 de maio de 1974 o escritor Paulo Coelho de Souza  foi preso por engano.

No decorrer de uma investigação dos órgãos de repressão da ditadura militar, o escritor foi preso no lugar do militante do PCBR, Paulo Coelho Pinheiro.

As desinformações e informações falsas geradas pela ditadura, levou com que algumas pessoas chegassem a comentar, que a prisão do escritor foi devido a delação de seu parceiro Raul Seixas. A causa do mal entendido foi o vazamento de uma recomendação do Centro de Informações do Exército de que era possível chegar ao militante procurado, por intermédio de Raul Seixas. (Documento em anexo – Info 411/74 , do CIE)

Como a prisão do escritor ocorreu um mês após rolar a informação contida no Info 411/74 , do CIE, acreditou-se que a prisão de Coelho foi devido delação de Raul, quando na verdade foi mais uma confusão dos órgão de repressão. A ditadura confundiu o militante do PCBR, Paulo Coelho Pinheiro, com o parceiro de Raul, Paulo Coelho de Souza

Em um artigo que escreveu para o jornal Washington Post, o autor de O Alquimista, fala de sua prisão e das torturas que sofreu. Paulo Coelho conta que sua casa foi invadida no dia 28 de maio de 1974 e ele foi levado ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), fichado e fotografado. Liberado pouco depois, pegou um táxi, que foi fechado por outros dois carros, e ele é tirado de lá por homens armados.

Apanha no caminho, depois na sala de tortura. Quando permitem que ele tire o capuz, se dá conta de que está numa sala a prova de som com marcas de tiro nas paredes. A tortura segue, ele conta.

“Depois de não sei quanto tempo e quantas sessões (o tempo no inferno não se conta em horas), batem na porta e pedem para que coloque o capuz. (…) Sou levado para uma sala pequena, toda pintada de negro, com um ar-condicionado fortíssimo. Apagam a luz. Só escuridão, frio, e uma sirene que toca sem parar. Começo a enlouquecer, a ter visões de cavalos. Bato na porta da ‘geladeira’ (descobri mais tarde que esse era o nome), mas ninguém abre. Desmaio. Acordo e desmaio várias vezes, e em uma delas penso: melhor apanhar do que ficar aqui dentro.”

 

 

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