Raul Amaro Nin Ferreira, engenheiro, primogênito dos oito filhos do casal Joaquim Rodrigo Lisboa de Nin Ferreira e Mariana Lanari Ferreira.
Na madrugada de 1º de agosto de 1971, ao voltar de uma festa, Raul Amaro foi preso por acaso numa batida de polícia na rua Ipiranga, em Laranjeiras, Rio de Janeiro. Juntos, no carro, Saididin Denne, colega de Raul no Ministério da Indústria e Comércio, e a esposa Yone.
Após ser preso na blitz em Laranjeiras, Raul Amaro foi para o Dops, na rua da Relação, 40, centro do Rio. Em seguida, depois de fichado, foi levado à casa de seus pais para pegar a chave da sua casa. Da sua casa, teria voltado para o Dops e depois ido para o DOI-Codi, que funcionava no Quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército, na rua Barão de Mesquita, 425, Tijuca.
Relatório Raul Amaro Nin Ferreira de autoria de Felipe Carvalho Nin Ferreira, Raul Carvalho Nin Ferreira e Marcelo Zelic, ele tem 226 páginas e está integralmente neste site.
Baseado em documentos do Estado brasileiro, produzidos pelas forças de segurança e pelo Judiciário, e em entrevistas com pessoas participaram dos fatos, este relatório desmonta de vez a versão oficial, difundida num texto produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE). Além disso, traz novas informações em relação ao que já se conhecia sobre o caso.
A partir de agosto de 71 as torturas ficaram mais sofisticadas. Quando eu cheguei, as torturas, os métodos de obterem confissão, eram basicamente a força física. Muito pescoção, muito tapa, muito soco, muito chute, vez ou outra choque elétrico nos dedos e órgãos genitais. Às vezes introduziam objetos na vagina ou no ânus. Estes eram os métodos iniciais. Eu entrei em maio, tive um mês de preleção, comecei a dar guarda em junho e mais ou menos em, agosto começaram as obras na parte térrea do prédio do PIC para construção de celas mais sofisticadas. Eles construíram lá em baixo quatro celas. Construíram uma cela-geladeira, onde realmente se chegava a baixíssimas temperaturas, uma câmara toda forrada de isopor e amianto. Construíram também uma cela com vários botões do lado de fora com os quais você controlava e emitia ruídos e sons altíssimos para o preso ter sensações de desequilíbrio. Tinha uma cela totalmente negra, onde a pessoa não enxergava nada e não conseguia nunca acostumar a visão àquele grau de escuridão. Em compensação, tinha uma cela toda pintada de branco onde os presos perdiam a noção de hora, de tempo. Os presos lá em cima, do segundo andar, onde estavam as celas comuns, se guiavam pelos toques do corneteiro, para saber se estava amanhecendo, se o coronel estava saindo ou chegando, se era hora de almoço. Os presos que ficavam na Até agora, supunha-se que: