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TELEGRAMA ENVIADO PELO ITAMARATI À CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, TENTANDO EXPLICAR A MORTE DE JOÃO BATISTA FRANCO DRUMOND

Em anexo e no formato PDF, telegrama enviado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos  – CIDH , pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, tentando explicar a morte de João Batista Drumond.

No telegrama, datado de 05 de julho de 1978, a autoridade da ditadura militar faz malabarismos para explicar a morte de Drumond, diante de diversas denúncias de que o líder comunista tinha morrido durante sessão de torturas nas dependências do DOI (Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão subordinado ao Exército).

O economista João Batista Franco Drumond foi preso em 15/12/1976 quando saía da casa situada na rua Pio XI, bairro da Lapa, em São Paulo, ao final da reunião do PCdoB. Foi morto nas dependências do DOI, provavelmente na madrugada do dia 16. No entanto, conforme versão dos órgãos de segurança, teria morrido como resultado de atropelamento por um veículo não identificado. De acordo com a versão oficial, João Batista Drummond teria tentado fugir a pé, sendo atropelado. Investigações posteriores e depoimentos de sobreviventes provaram que a informação era falsa.

Mineiro de Varginha, Drumond iniciou sua militância no Movimento Estudantil de Belo Horizonte antes de 1964. Foi um dos altos dirigentes da AP que decidiram ingressar no PCdoB ao final da polêmica que se desenvolveu naquela  organização entre 1971 e 1972. . Foi presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia da UFMG no período 1964/1965, sendo um dos principais organizadores dos 27° e 28° congressos da UNE. Além de sua atuação na área estudantil, participou antes de 1964 de atividades no meio rural do sul de Minas Gerais e de campanhas eleitorais.

No período em que militou na AP, exerceu diversas funções e foi responsável pela Secretaria de Organização (1969) e pelo Comitê Político (1971). Em 1972, quando se tornou definitiva a divisão da AP, dirigia o regional Bahia/Sergipe daquela organização. Tinha sido condenado pela Justiça Militar, entre 1969 e 1970, à revelia, à pena de 14 anos de reclusão. Passou a integrar o Comitê Central do PCdoB em 1974.

Em abril de 2012. e numa decisão inédita, o juiz Guilherme Madeira Dezem, da 2ª Vara de Registros Públicos de São Paulo determinou a retificação do assentamento de óbito de João Batista Franco Drummond, lavrado em 16 de outubro de 1976, alterando o local da morte, “avenida 9 de julho” para dependências do “Doi Codi do II Exército em São Paulo”.

A ação foi apresentada por Maria Ester Cristelli Drumond, viúva da vítima.  “Mesmo que passados 35 anos do fato, o que a família objetivamente almeja é que a verdade prevaleça sobre a mentira. A versão de que estava em fuga e foi atropelado há muito tempo se sabe que é uma farsa montada pela ditadura”.

 

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