Em 1981, enquanto nas grandes cidades brasileiras o processo de redemocratização era festejados nas ruas e praças, em Foz do Iguaçu e mormente no Paraná, a ditadura civil- militar com todas suas ferramentas autoritárias continuava perseguindo àqueles que se opunham ao regime tirânico.
Eu, Aluízio Palmar, havia emergido da mais rigorosa clandestinidade dois antes antes quando fui novamente levado à um Tribunal Militar. Cheguei em Foz do Iguaçu em setembro de 1979, logo após ser publicada no Diário Oficial da União a Lei da Anistia. Oito anos e meio, após ter sido resgatado da prisão por uma ação revolucionária ,- troca dos presos políticos pelo Embaixador da Suíça no Brasil, eu eu voltava a ter uma atividade legal na luta contra o arbítrio instalado no Brasil em a partir de 1º de abril de 1964.
Eu estava clandestino no Rio de Janeiro quando motivos familiares me trouxeram para Foz do Iguaçu. Em menos de três meses foi trabalhar no jornal Hoje Foz, semanário que tinha uma linha editorial, até certo ponto independente. Porém, em junho de 1980, esse jornal foi comprado pelo grupo político que tinha o poder no Estado do Paraná. O diretor financeiro da Itaipu Binacional e ex-presidente do Banestado, Jucundino Furtado, homem forte nos esquemas de corrupção da ditadura assumiu a direção do jornal e sua primeira medida foi me exonerar e logo em seguida exonerou Juvêncio Mazzarollo e Adelino de Souza. Fomos acusado de sermos contrários ao “regime militar e aos princípios da sociedade civil e ocidental”.
Desempregados, eu, Juvêncio e Adelino, decidimos meter a cara e ter o nosso jornal. Então nasce o Nosso Tempo, com uma linha de luta radical contra a ditadura, sua legislação arbitrária, por eleições livres e diretas para todos os cargos eletivos e opor uma sociedade justa e igualitária.
E o jornal fez o maior sucesso. Com uma grande tiragem, que aumentava a cada edição. Fomos perseguidos, ameaçados, proibidos de circular nas áreas da Itaipu e no Paraguai. Não importa, a gente não arredou pé e em 1981, o regime dos generais nos levou ao Tribunal Militar da 5ª RM. Era a terceira vez que eu encarava um tribunal de exceção. A primeira foi a Auditoria do Exército, em 1969 e a segunda foi a Auditoria da Marinha, em 1970.
O documento em PDF em anexo, é a denúncia do Promotor Milita, Altino Ramos, lavrada em junho de 1981.
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Que triste fim teve esse jornal, que era de grande repercussão e influência na região. Eu era criança, mas lia sempre. Ainda tenho alguns exemplares em casa. Podia voltar a existir esse jornal novamente, até porque conteúdo é o que não falta.
Impressionante: ” … os denunciados divulgaram notícias falsas… e com a visível intenção de indispor o povo com as autoridades constituídas”.
Parece brincadeira ler tal justificativa para a instauração de um inquérito policial. Gratidão a todos que lutaram pela liberdade e democracia. Nesta época eu nascia na cidade de cascavel e posso hoje, valorizar o sistema vigente, apesar de considerar que temos muito o que melhorá-lo.
Grato.